Suzan Damasceno está no monólogo ”Obscena Senhora D”



Suzan Damasceno falou sobre o monólogo A Obscena Senhora D, obra inspirada no universo literário de Hilda Hilst em que ela interpreta Hillé, a Senhora D, personagem que, após a morte do marido, se recolhe ao vão da escada e revisita memórias, desejos e contradições. Na conversa, Suzan explicou a origem do projeto, a pesquisa sobre o texto e a opção pela adaptação e encenação em tom íntimo, ressaltando a escolha por manter a densidade poética de Hilst enquanto tornava a peça acessível ao público de teatro e televisão. Ela comentou também a responsabilidade de transpor para o palco uma escrita que oscila entre o lírico e o transgressor, preservando a força das imagens e o ritmo interno do monólogo.



A atriz detalhou seu processo de preparação para viver a Senhora D, incluindo a construção da voz, dos silêncios e das microvariações físicas que sustentam a personagem durante a peça inteira, e falou sobre a relação com a plateia quando performa um texto tão concentrado e intenso. Suzan abordou os desafios de equilibrar interpretação e fidelidade ao material de Hilda Hilst, além da colaboração com a direção e a equipe na cenografia e no uso do espaço, elementos que reforçam a sensação de clausura e de fluxo interior da personagem. Ela destacou a importância de permitir que o público acompanhe as camadas de consciência da protagonista sem reduzir o espetáculo a explicações didáticas.

No diálogo com Jô, Suzan refletiu sobre a recepção crítica e popular do monólogo, afirmando que a peça provoca tanto fascínio quanto estranhamento, o que para ela é sinal de que a obra segue viva e provocante. Comentou ainda que o trabalho busca abrir espaços de reflexão sobre velhice, solidão, desejo e linguagem, propondo uma experiência teatral que privilegia a intensidade e a imaginação do espectador. Ao encerrar, Suzan lembrou que adaptar Hilst é também um ato de coragem e de amor à língua, e que seguir explorando esse repertório é uma escolha artística que a desafia e a renova.